O Negar-se
“Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a se mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará.” Mt 16:24-25
Jesus havia começado a explicar para os seus discípulos que era necessário que ele fosse para Jerusalém, e sofresse muitas coisas nas mãos dos sacerdotes e dos mestres da lei, e fosse morto e ressuscitasse ao terceiro dia. Pedro ao ouvir estas coisas, sobre sofrimento e morte de seu mestre chega a repreender ao próprio Jesus dizendo que de modo algum isso iria ocorrer com ele. Ao que Jesus o exorta revelando que naquele momento Pedro estava falando sobre a influência de Satanás. É exatamente neste momento que Jesus, segundo Mateus, diz estas palavras:
“Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a se mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará.” Mt 16:24-25
Assim ele identifica a vida de seus verdadeiros discípulos com a sua própria vida, trançando uma similaridade na forma e nos eventos da vida entre eles e seu senhor. Da mesma forma que Jesus encarou a sua vida seus discípulos também deveriam encarar as suas. Se o Mestre abre mão de vida de forma resoluta para reavê-la, os que se chamam seus discípulos deveriam estar dispostos a fazer o mesmo.
O apóstolo Paulo Compreendeu perfeitamente esse ensinamento de Jesus quando ele diz:
“Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.”
Fl 2:5:11
Vejamos em partes Mt 16:24-25:
Se alguém quiser acompanhar-me...
Jesus fala aqui do desejo de segui-lo, que muitos desenvolvem quando entram em contato com a mensagem do evangelho, quantas pessoas ouvem sobre o amor de Deus e ficam fascinados, leem as Escrituras frequentemente, assistem e ouvem muitas mensagens, têm uma boa frequência nos cultos, e realmente acham tudo isso muito agradável. Mas, neste caso, Jesus Propõe uma condição, não basta apenas desejar, querer. Não basta apenas ouvir sua mensagem e gostar, nem mesmo apenas acreditar nela.
“Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o creem, e estremecem.” Tg 2.19
...negue-se a se mesmo...
Não é suficiente apenas gostar da mensagem, do evangelho, acreditar ou mesmo desejar seguir a Jesus, é necessário agir de acordo.
A primeira condição necessária que Jesus nos mostra é negar-se a si mesmo.
Jesus vê no amor a si mesmo o maior opositor a sua mensagem, de forma que é essencial está disposto a abrir mão das próprias vontades para fazer a vontade de Deus. Se não Abrirmos mão dos nossos desejos, estes certamente entrarão em conflito com a vontade de Deus, pois:
“Enganoso é o coração mais que todas as coisas, e perverso: quem o conhecerá.” Jr 17.9
Ora a vontade de todos os homens está corrompida, sem Deus ninguém pode fazer ou desejar coisas boas:
“Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer". Rm 3:12
“Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.” Gl 5.17
Por isso é necessário negar-se a si mesmo, pois quando negamos a nós mesmo negamos a nossa própria corrupção.
Mas isso significa também que devemos estar dispostos a abrir mão de qualquer coisa que nos afaste, ou se coloque entre nós e Deus, mesmo que elas não sejam essencialmente más.
O próprio Cristo segundo Paulo nos deu o exemplo:
“embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo...” Fl 2:6
Ele agiu de acordo com o que acreditava, pois “esvaziou-se a si mesmo”, e se de fato cremos nele, não importa o quão difícil seja, devemos negar a nós mesmo.
Esta é a Ordem de importância no Reino de Deus, o maior é aquele que se faz menor, a exemplo de João batista.
“Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.“ Mt 11:11
...tome a sua cruz e siga-me.
Tomar a cruz significa uma disposição resoluta em seguir a Jesus até o fim, ou seja, até a morte. Ele fala algo semelhante no evangelho segundo Lucas:
“Jesus respondeu: "Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus".” Lc 9:62
Estas são atitudes que nem todos que apreciam a mensagem de Jesus estão dispostos a tomar.
O Cristianismo não é nenhuma espécie de gnosticismo ou religião de mistério, onde o importante é o conhecimento para alguma espécie de salvção.
O Cristianismo não é composto apenas de fé e confissão, ele é essencialmente composto de dois aspectos: A Fé e as Obras da Fé.
A Fé é primordial e as obras são suas consequências, de forma que não existe cristianismo com apenas um desses aspectos.
Ninguém pode se dizer cristão com a mera crença na existência de Deus ou em Jesus, ou na sua obra na cruz, mesmo que este conhecimento seja abrangente.
Fé que se resume em mera crença, não é a fé Cristã.
“Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o creem, e estremecem.” Tiago 2.19
A fé cristã salvadora é a confiança e amor a Deus, confiança de que Deus nos amou em Cristo e que na cruz fomos reconciliados com Deus.
“Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Romanos 5:8
“Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação.” 2Co 5:19
“Nisto se manifesta o amor de Deus para conosco: que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por ele vivamos.“ 1Jo 4:9
E esse amor se manifesta em obediência a Deus...
“Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada.” Jo 14:23
...e manifesta em amar a Deus e ao próximo.
O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Jo 15:12
“Ele nos deu este mandamento: Quem ama a Deus, ame também seu irmão.” 1Jo 4:21
O amor a Deus se origina na fé confiante em Deus e se manifesta nas boas obras para com o próximo.
Esta fé cristã imprime nas obras vida e valor, as obras atestam a veracidade da fé. Obras sem o amor que provém da fé é apenas Atitudes sem valor, e fé sem obras é morta.
É ai que reside a dificuldade do cristianismo, pois ele não é mera declaração, por mais correta que seja, ele é sobretudo vida, e por ser vida só existe se for vivenciado. Se ocorrer na experiência humana. De forma que aquele que diz ser cristão, deve comprovar isso com a vida.
Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá...
Todo aquele que almeja realiza-se plenamente neste mundo encontrará uma grande frustração, pois até mesmo este mundo carece de restauração e é passageiro, de forma que, quando este mundo passar, todo aquele que está enraizado nele também passará. 1 Jo 2:17
Jesus havia dito que quando os fariseus buscavam o reconhecimento dos homens, era apenas essa (o reconhecimento dos homens) a sua recompensa, perdendo qualquer recompensa Divina. Mt 6:1-6
...mas quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará.
Aqui está o clímax, o desfecho glorioso de todo esse processo, muitas vezes doloroso, que requer autonegação e persistência. Quem perder a sua vida para este mundo, quem suportar a sua cruz, encontrará a vida.
Mais uma vez o cristão vivencia aquilo que já foi experimentado pelo próprio Cristo:
“Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai.” Fl 2:9-11
È o que o próprio Cristo nos promete, vida abundante, caso percamos esta vida perecível por amor a Ele:
“E todos os que tiverem deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos ou campos, por minha causa, receberão cem vezes mais e herdarão a vida eterna.” Mt 19:29
E as demais Escrituras nos asseguram:
“Ora, se morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos.” Rm 6:8
“Se somos filhos, então somos herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo, se de fato participamos dos seus sofrimentos, para que também participemos da sua glória.” Rm 8:17
“Quando Cristo, que é a sua vida, for manifestado, então vocês também serão manifestados com ele em glória.” Cl 3:4
De forma que todo e qualquer sofrimento é considerado leve e momentâneo diante da glória que nos está reservada.
“pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles.” 2 Co 4:17
Só posso dizer amem! Diante dessa declaração é fácil percebermos que os homens desejam os privilegios do cristianismo , mas não esperam pelas pelas algemas e cruzes que o acompanham. É a teologia da glória subtraindo a pratica da teologia da cruz...
ResponderExcluirÓtima postagem!
E.C.S.Junior